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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

UMA INTERESSANTE ANÁLISE DO QUE PODERÁ SER O GOVERNO DILMA

Carlos Hugo Studart Corrêa é jornalista e historiador brasileiro, pesquisador dos Direitos Fundamentais no Século XXI. Nasceu em Natal (RN), a 08 jun 1961. Formou-se em Jornalismo pela Universidade de Brasília (UnB), especializou-se em Ciência Política, cursou Mestrado em História e é doutorando em História Cultural, pela UnB.
É uma análise - como existem outras, diferentes - para ser lida e conferida com o decorrer dos fatos.
Foi escrita antes das eleições, mas dois fatos já estão confirmados: o Lula escolheria o ministério; o Jobim, mesmo tendo divergências com ela, seria confirmado como ministro.
O restante, como disse só o tempo confirmará ou negará.
 Por: Hugo Studart 

Conheci Dilma o suficiente para arriscar algumas previsões sobre seu governo. Se o câncer não a pegar, vai trair Lula em menos de dois anos. Logo-logo os ministros com espinha-dorsal vão cair fora por não aguentarem humilhações e maus-tratos; e seu governo será integrado exclusivamente por invertebrados com interesses pessoais não-republicanos. Seu lado bom é que na economia vai tentar crescer mais do que Lula ousou. Contudo, Dilma vai aprofundar uma economia baseada nos oligopólios setoriais, na qual cerca de 30 mega-corporações vão receber todo apoio do Estado para criar o sub-imperialismo sul-americano. Vejam por quê:
Getúlio Vargas gostava de se apresentar como “Pai dos Pobres”. A velha UDN, sempre corrosiva, acusava-o de ser também “Mãe dos Ricos”. Nada mais pertinente para aquele que foi, simultaneamente, o pai do populismo e a mãe do desenvolvimentismo brasileiro. Como Getúlio, Lula fez dois governos populistas, distribuindo, à moda de César, pão e circo aos plebeus. E ajudou tanto os banqueiros, os grandes empresários e os muito ricos, que Getúlio, se vivo estivesse, ficaria constrangido de rubor. Mas o crescimento econômico na Era Lula foi absolutamente medíocre. Se as previsões de que Dilma Roussef vai dar continuidade ao lulismo, como promete, tudo leva a crer que venha a ser, como Getúlio e Lula tentaram, a primeira e verdadeira “mãe dos pobres e pai dos ricos”.
Quem conhece bem Dilma Roussef garante que seria uma doida de pedra, caso de camisa de força, um misto de Nero com Stalin, grosseira como o primeiro e totalitária como o segundo. Talvez seja exagero da oposição, talvez… Como um acadêmico, devo evitar usar certos adjetivos fortes. De qualquer forma, relato aos senhores, prezados leitores, que eu a conheci pessoalmente, eu jornalista, ela autoridade do governo Lula. Primeiro como ministra das Minas e Energia, depois como chefe da Casa Civil.
Tivemos algumas entrevistas, nas quais só ela respondia e eu pouco perguntava. Fiz parte da regra, não sou exceção. Nossa primeira entrevista começou 1h30 da madrugada e se estendeu até as 3h. Não me lembro de ter conseguido fazer mais do que duas ou três perguntas. Venho acompanhando há oito anos sua trajetória pública, os bastidores das suas aventuras. Tenho o orgulho de ter sido o primeiro jornalista a registrar a decisão de Lula de fazê-la candidata à sua sucessão. O acordo era Dilma governar apenas um mandato, quatro anos, mantendo a cadeira para Lula se candidatar em 2014. Somente uns três meses depois começaram as especulações sobre Dilma candidata. Enfim, conheço Dilma o suficiente para registrar aqui algumas previsões sobre seu futuro governo, caso se confirme nas urnas o que avisam as pesquisas. 

ROMPIMENTO COM LULA

Como suas alianças com os aiatolás e com Hugo Chávez foram passos absolutamente idiotas e irreversíveis, Lula perdeu a chance de realizar o sonho de presidir a ONU ou ganhar o Nobel da Paz. Mas não vai se conformar em vestir o pijama, não quer virar um Fernando Henrique. Lula vai querer ficar dando pitaco em tudo. Quanto a Dilma, totalitária em seu DNA, stalinista e prepotente, vai começar a achar que ganhou a eleição pelos seus belos olhos, por sua suposta competência como “mãe do PAC”. Vai querer fazer seu próprio governo. Os dois vão acabar rompendo. No máximo em dois anos, anotem aí. 

FORMAÇÃO DA PRIMEIRA EQUIPE 

Ela deve aceitar que seu governo, numa primeira fase, seja nomeado por Lula e pelos dois “rasputins”, José Dirceu e Antônio Palocci. O PT vai ficar com o núcleo duro, ou seja, as áreas de coordenação política e econômica. Dilma tem poucos quadros pessoais, como Erenice Guerra (finada, foi-se) e Valter Cardeal (agora queimado). Sobrou Maria das Graças Foster, hoje diretora da Petrobrás e alguns raros novos amigos, como o petista José Eduardo Cardoso e José Eduardo Dutra. Quanto aos demais ministérios, a serem loteados com os aliados, o PT vem tentando avançar sobre as áreas onde dá para fazer mais caixa dois. Contudo, a tendência é manter os atuais feudos. Até ai, nenhuma grande novidade. Vamos então às previsões. 

SEGUNDA EQUIPE DE GOVERNO 

Em menos de um ano, anotem aí a previsão, os ministros com alguma personalidade, algum caráter ou vergonha na cara, começarão a pipocar do governo em razão de grosserias, humilhações, futricas e maus tratos da mandatária. Nelson Jobim, que tende a ficar na Defesa (assim Dilma não precisa entregar ao PMDB mais um ministério onde dá para fazer caixa), deverá ser dos primeiros. Mas sai ainda em 2011, anotem aí. Esses ministros serão em quase totalidade substituídos por gente de terceira categoria, capachos dispostos a aguentar as explosões emocionais da mandatária em troca de algum interesse inconfessável.

NOVOS AMIGOS 

Vai ter um momento que Dilma vai estar cercada essencialmente de invertebrados e de batedores de carteira. Gente da pior qualidade, capachos despreparados mas com interesses privados claros, como a finada Erenice Guerra. É muito curioso que seu principal consigliere, atual melhor-amigo-de-infância, seja o suplente de senador Gim Argello, do PTB do DF. Vale a pena acompanhar o governo Dilma pelos passos (e enriquecimento) de Gim. 

DIRCEU OU PALOCCI? 

De gente que pensa, a tendência é ficar apenas com Franklin Martins, antigo companheiro de armas, e José Eduardo Cardozo. Entre Dirceu e Palocci, aposto no segundo a longo prazo. Dirceu controla o PT; a tendência é Dilma querer se livrar dos grilhões, querer ficar livre, leve e solta para buscar um vôo-solo. Palocci controla o “mercado”, ou seja, as contribuições do caixa dois. Pode ser bem mais útil para Dilma. 

PARALISIA ADMINISTRATIVA 

O governo não vai andar, vai ficar todo travado por conta do excesso de centralismo democrático da presidente. Ela acredita que informação seja poder. Não vai dividir informação com ninguém. Aliás, enquanto foi ministra da Casa Civil, o governo só andou porque Lula colocou duas assessoras pessoais e suas equipes para controlar os ministérios pelos bastidores, Miriam Belchior e Clara Ant. Com sua mania de centralizar, controlar e querer saber de tudo, Dilma sempre atrapalhou mais do que ajudou. 

RELAÇÃO COM O CONGRESSO 

Tende a ser desastrosa. Dilma jamais gostou de negociar. O negócio dela é impor. Os parlamentares eleitos, por sua vez, têm na quase totalidade o DNA clientelista, franciscano, “é dando que se recebe”. Dilma tende a perder a paciência e a tentar passar o trator no Congresso, como registra todos os episódios de sua biografia. Paralisia política, impasses institucionais, talvez até crise de poderes. Ela não deve conseguir aprovar no Congresso nenhuma reforma relevante. O que não aprovar em seis meses, no máximo no primeiro ano de governo, não deve aprovar mais. A não ser que caia na tentação de tentar o “chavismo”. 

 IDEOLOGIA? ORA, O NEGÓCIO É… 

Engana-se quem acredita que a ex-guerrilheira Dilma seja movida pela ideologia. Nos tempos de militância esquerdista e clandestinidade, ela notabilizava-se entre os guerrilheiros por duas características singulares. Primeiro, o amor pela futrica e por provocar divisões. O ex-companheiro Carlos Lamarca morreu chamando-a de “cobra”, “maquiavélica”. Outra característica era sua atração pelo dinheiro. Ela convenceu Lamarca que tinha uma grande organização, a Colina, com milhares de militantes prontos a pegar em armas pela revolução. Tinha só ela, o marido de então, um companheiro bonito chamado Breno e mais dois ou três gatos-pingados. Convenceu Lamarca a fundir o grande Colina e com a VPR em igualdade de condições, criando a VAR-Palmares. Convenceu Lamarca a assaltar o cofre do Adhemar de Barros, no mais ousado episódio da guerrilha. Por fim, convenceu a todos a rejeitar o “militarismo” de Lamarca e seus sargentos. Ela e o marido ficaram com o controle de quase todo o dinheiro do assalto, deixando Lamarca em dificuldades. 

CAIXA DE CAMPANHA 

Faço aqui uma previsão tão ousada quanto polêmica. Nossa presidente tende a tentar fazer seu próprio caixa de campanha, fora do caixa dois do PT, a fim de ganhar a independência em relação Lula. Ela sonha ter o próprio grupo. Precisa de dinheiro para financiar a política. 

BRASIL GRANDE 

Do lado bom, Dilma vai tentar acelerar um pouco o crescimento econômico. Isso é tão certo quanto o futuro rompimento com Lula. Como Adhemar, Médici e Maluf, ela gosta de obra grande, de usinas hidroelétricas gigantescas, de portos e auto-estradas rasgando a imensidão desse Brasil. Deveria ter sido ministra do governo Médici. Quer ressuscitar o Brasil Grande, mas com um viés de esquerda – ou daquilo que ela chama de esquerda. Confesso que não consigo ver muita diferença no PAC de Dilma com os projetos de Médici e Geisel. 

SUB-IMPERIALISMO BRASILEIRO 

No plano internacional, não vai trombar em hipótese alguma com os EUA. Acho até que vai dar uma guinada à direita. O jogo internacional dela é o sub-imperialismo. Vai usar dinheiro público para financiar grandes corporações brasileiras, criar oligopólios nacionais e sul-americanos. Os maiores beneficiários de seu governo serão Gerdau, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Votorantim, Bradesco, etc. E a Vale? Ora, a Vale é do Bradesco. 

OLIGOPÓLIOS 

Noam Chomsky, o mais instigante pensador da atualidade, tenta explicar a economia globalizada de uma forma singular. Segundo ele, não vivemos o capitalismo, nem nos Estados Unidos, nem na Europa. O sistema que haveria seria o do estatismo oligopolizante. A economia é toda organizada por oligopólios, com cinco ou seis mega-corporações dominando cada um dos principais setores da economia – bancos, siderúrgica, petro-química, mídia, fármacos, tecnologia, etc. Ao sistema não interessa monopólios, como o que a Microsoft tentou firmar, mas sim oligopólios. E essas mega-corporações oligopolistas, por sua vez, precisam da ajuda dos Estados e dos políticos para firmarem-se como corporações globais. Financiam os políticos que, no poder, lhes dão concessões de todo o tipo. Chomsky referia-se aos EUA, Europa e Japão.
Poderia estar falando do Brasil que Lula entrega à Dilma. Pensem num setor. Bancos, por exemplo: Há dois grandes estatais, BB e Caixa, dois privados nacionais, Bradesco e Itaú, e dois estrangeiros, Santander e HSBC – o resto não conta. Construção: Odebrecht, Andrade e Camargo. Se listarmos os cinco principais setores econômicos – Bancos, Construção, Siderúrgico-Metalúrgico, Petroquímico e Farmacêutico, vamos descobrir que, no Brasil, menos de 30 empresas controlam dois terços dos empréstimos subsidiados do BNDES e 90% dos investimentos dos fundos de pensão das Estatais. Outra curiosidade: essas 30 empresas desses cinco setores financiaram a maior parte da campanha de Dilma e do PT, deixando Serra e os tucanos na mão. Mas essa é outra história a ser contada em detalhes em outra ocasião.
Por enquanto fica aqui o registro: essas 30 empresas desses cinco oligopólios, vão receber no governo Dilma todo subsídio que precisarem do BNDES para consolidarem ainda mais o oligopólio interno e o sub-imperialismo na América do Sul. Também vão receber dinheiro direto dos fundos de pensão das Estatais para fazer o mesmo. O governo Dilma, enfim será essencialmente oligopolista e sub-imperialista. Anotem as previsões. 

Hugo Stuart
Jornalista e historiador, professor e pesquisador
, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais

Brecht
“O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”
Bertolt Brecht

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Poder Constituído x Poder Paralelo


Falou-se muito nas últimas semanas a respeito da invasão do complexo de favelas do Alemão. Foi instaurada uma verdadeira operação cinematográfica para realizar a primeira parte da chamada invasão. Vimos blindados das Forças Armadas e da Polícia Militar realizando incursões pelas vielas da Vila Cruzeiro. Vimos helicópteros de redes de TV fazendo a cobertura dos acontecimentos.

Todos os moradores do Rio de Janeiro sabem, já faz alguns anos, que o Estado jamais se importou com eles. Como os moradores viviam, como sobreviviam e principalmente a que precisavam se sujeitar para poder continuar vivendo em locais como aquele. Há muitos anos ninguém se importa com os moradores das comunidades mais carentes. Faziam uma maquiagem no local, principalmente próximo à época das eleições e depois voltava tudo ao que era. Como qualquer morador de um lugar, isolado ou central, todos precisamos de Hospitais, Pronto Socorro, agências bancárias e outras facilidades nas proximidades de casa. Não há interesse do estado em implantar serviços deste tipo em locais sabidamente dominados por facções criminosas. Nem por isso a necessidade deixa de existir. Com a ausência do estado surge o poder paralelo.

Não é a primeira vez e nem será a última onde, quando o poder constituído se ausenta, alguém toma conta do território. Vimos exemplos disso na Sérvia com as milícias dizimando populações inteiras por serem de outra etnia. Também sabemos de fatos no Iraque onde o falecido ditador Saddam promoveu uma limpeza étnica.

As milícias compostas de policiais ou ex-policiais e os grupos de traficantes, no Brasil, não são e nem se portam diferentemente das milícias espalhadas pelo mundo. Tenham a certeza que a população que mora nas diferentes comunidades espalhadas pelo nosso país, precisam se adaptar e se subjugar ao poder maior destes grupos. Não fosse assim, porque a “lei do silêncio” impera?

Vejamos alguns exemplos do que o poder paralelo foi capaz de realizar, mesmo contra os desígnios e a “força” do poder constituído. 

Em uma comunidade da Zona Sul do Rio de Janeiro, há alguns anos atrás, foi implantada uma escola. A construção, o mobiliário e os professores foram arcados pelos traficantes. Alguns se perguntarão: “Mas porque uma escola?”. A comunidade sabe que sem um mínimo de instrução, seus filhos, sobrinhos e filhos de amigos, jamais conseguirão sair da linha de pobreza que assola este tipo de pessoas. Os próprios traficantes não querem que seus filhos sejam analfabetos e, portanto marginalizados pela sociedade. Entenda-se aqui o conceito de marginalizados como sendo aqueles que vivem à margem, na borda, no limite, da sociedade constituída.

Não muito tempo mais tarde, nesta mesma comunidade, foi inaugurada uma agência bancária. Novamente o poder paralelo se fez presente. As pessoas que lá moravam, à época, precisavam de um lugar para depositar seus ganhos. Lembre-se que numa comunidade as pessoas muitas vezes sobrevivem de subempregos, sem carteira assinada. Mas era também uma necessidade dos próprios traficantes. Onde eles iriam depositar o dinheiro ganho com a venda de entorpecentes? Foi-se a época de guardar dinheiro sob o colchão.

Finalmente, e já sendo cobrados por isso, os traficantes construíram um Pronto Socorro. O mais perto da comunidade ficava a mais de 15 minutos de carro. Nem todos tinham carro naquela época. Em uma emergência minutos fazem uma grande diferença. Desta forma, os moradores podiam levar seus filhos para vacinar, fazer curativos e até tirar dúvidas com um médico a respeito de alguma dor súbita. Mas não nos esqueçamos de que, também os benfeitores, iriam se beneficiar deste PS. São eles que acabam enfrentando grupos rivais, milícias e, de vez em quando, as forças policias. Portanto, nada mais justo que ter perto de casa um médico e um enfermeiro para dar o primeiro atendimento.

Agora deixo a vocês a pergunta: Será que você, morador de uma comunidade, iria denunciar os traficantes simplesmente porque a polícia ou o poder constituído pediram? Lembre-se que amanhã é você que vai continuar morando lá. Lembre-se também que não será para sempre a “invasão” da comunidade, visando garantir paz.

Resumindo, podemos deduzir que o Estado com toda sua grandeza e com todos os impostos arrecadados ainda é bem menor e mais acanhado que o poder paralelo.

Esta situação descrita acima é verdadeira. Talvez alguns fatos tenham sido omitidos de propósito, mas sem deturpar o sentido do relato.

Antes de encerrar o relato de hoje, queria apenas lembrar que o que acontece ali no outro estado também acontece aqui, no nosso estado. As verdades e as lições que podemos tirar daí deveriam servir de marco para que ações mais efetivas e pró-ativas fossem realizadas pelos poderes constituídos. Retomar um território custa muito mais que apenas garantir que ele permaneça sob os olhares e as ações dos homens de bem.

Até o próximo!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Em quase 100 anos pouco ou nada mudou

"A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação. A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.A injustiça, Senhores, desanima o trabalh...o, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas. De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa (1914)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mudando o passado

Bibliografia: Rodrigo Constantino é formado em Economia pela PUC-RJ, e tem MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalha no setor financeiro desde 1997. É autor de cinco livros: "Prisioneiros da Liberdade", "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT"", "Egoísmo Racional: O Individualismo de Ayn Rand" ,"Uma Luz na Escuridão" e "Economia do Indivíduo: O Legado da Escola Austríaca". Escreve artigos para diversos sites, assim como para a revista Voto, e para o caderno Eu&Investimentos do jornal Valor Econômico. É colunista do jornal O Globo. É membro-fundador do Instituto Millenium, diretor do Instituto Liberal, membro do Conselho Consultivo do Instituto Federalista e membro do Conselho de Administração do Instituto Mises Brasil. Foi o vencedor do Prêmio Libertas em 2009, no XXII Fórum da Liberdade.

O presidente Lula chamou novamente de “tentativa de golpe” o escândalo do “mensalão” de 2005. Seu discurso está afinado com o de José Dirceu, principal réu no processo, acusado de “chefe de quadrilha” pelo então procurador-geral da República. A impunidade completa do alto escalão do poder já não é suficiente para os petistas. Eles querem mais! Eles querem não só a impunidade, como também o direito de reescrever a história, de mudar o passado e apagar os fatos da memória dos brasileiros.

Em “1984”, George Orwell retratou com perfeição esta tática autoritária. O “Ministério da Verdade” ficava responsável pela seleção de quais fatos permanecem registrados, e quais serão apagados ou alterados. A distopia orwelliana apenas registrava o que efetivamente ocorria nas nações comunistas. O sonho de muitos petistas é o mesmo: censurar a imprensa, usando o eufemismo “controle social”, justamente para filtrar os fatos históricos. Não basta estar blindado pela impunidade; é preciso monopolizar as versões dos acontecimentos e dominar a alma de todos!

Em seu conto “O Relato do Jardineiro-Chefe”, Tchékhov lamenta o grau de impunidade em seu país: “Nos últimos tempos, na Rússia andam inocentando com excessiva freqüência os malfeitores, justificando tudo com estados mórbidos e afetivos, e no entanto essas sentenças absolutórias representam evidente indulgência e conivência e não conduzem a nada de bom. Elas desmoralizam as massas, o senso de justiça embotou-se em todos, já que se acostumaram a ver o vício impune; e, sabe, do nosso tempo pode-se tranquilamente dizer com as palavras de Shakespeare: ‘No nosso século perverso e devasso, até a virtude tem de pedir perdão ao vício’”.

Nem na Rússia do século XIX, nem na Inglaterra do século XVII; é no Brasil do século XXI que esta pouca-vergonha atingiu patamares impensáveis. E o principal responsável por isso atende pelo nome Luís Inácio Lula da Silva.

PS: Quem quiser refrescar a memória com os fatos, que ainda não foram apagados pelos conselhos (soviets) estatais, recomendo a leitura do livro “O Chefe”, de Ivo Patarra, que relata dia a dia o escândalo do “mensalão”.

Nero e seu discípulos

Na Roma antiga, um dos imperadores chamava-se Nero. É a respeito desta história e da sua relação com os dias de hoje que irei descrever um pouco.
“Nascido com o nome de Lúcio Domício Enobarbo, era descendente de uma das principais famílias romanas, pelo pai Cneu Domício Enobarbo e da família imperial Júlio-Claudiana através da mãe Agripina, a Jovem, filha de Germânico e neta de César Augusto. Ascendeu ao trono após a morte do seu tio Cláudio, que o nomeara o seu sucessor.
Durante o seu governo, focou-se, maiormente na diplomacia e o comércio, e tentou aumentar o capital cultural do Império. Ordenou a construção de diversos teatros e promoveu os jogos e provas atléticas. Diplomática e militarmente o seu reinado caracterizou-se pelo sucesso contra o Império Parto, a repressão da revolta dos britânicos (6061) e uma melhora das relações com Grécia. Em 68 ocorreu um golpe de estado de vários governadores, após o qual, aparentemente, foi forçado a suicidar-se. 
O reinado de Nero é associado habitualmente à tirania e à extravagância. É recordado por uma série de execuções sistemáticas, incluindo a da sua própria mãe e o seu meio-irmão Britânico, e, sobretudo pela crença generalizada de que, enquanto Roma ardia, ele estaria compondo com a sua lira, além de ser um implacável perseguidor dos cristãos. Estas opiniões são baseadas primariamente nos escritos dos historiadores Tácito, Suetônio e Dião Cássio. Poucas das fontes antigas que sobreviveram o descrevem dum modo favorável, embora haja algumas que relatam a sua enorme popularidade entre o povo romano, sobretudo no Oriente. 
A fiabilidade das fontes que relatam os tirânicos atos de Nero é atualmente controversa. “Separar a realidade da ficção, em relação às fontes antigas, pode resultar impossível.” Fonte: Wikipedia
Não obstante termos vários exemplos, em diferentes proporções, de outros “Neros” ao longo da nossa história a situação não muda. Quem nunca ouviu falar do grande incêndio de Roma?
Situação esta, semelhante à vivida em nosso município no dias de hoje. Senão, vejamos bem. O 18º GB instalado em Barueri atende de Cajamar a Juquitiba. Em algumas cidades ao longo desta área de atendimento foram instalados postos de bombeiros com uma infra-estrutura que atenda àquela região. Na cidade de Santana de Parnaíba também deveria existir um posto de bombeiros. Então porque não existe?
Novamente vamos ter que remontar a dias passados e a gestões municipais passadas para explicar este estapafúrdio. Em 1998, eleito prefeito de Santana de Parnaíba pela primeira vez, o Exmo. Sr. Prefeito assinou com o Estado de São Paulo um convênio para a execução dos serviços de bombeiros. Este convênio tem a validade de 15 anos e se encerra em 2013. Ele pode ser renovado, é claro. Mas sinceramente quem acredita em renovar algo que sequer foi cumprido ao longo destes 12 anos, desde a assinatura do documento. A desculpa no momento é que a prefeitura não tem dinheiro para construir este posto. Oras, se o grupo de políticos é o mesmo há 14 anos, se o atual prefeito está em seu terceiro mandato efetivo como é que não conseguiram em 12 anos angariar fundos para construir um posto de bombeiros?
Pasmem! Existem empresas particulares interessadas em construir o posto sem qualquer ônus para a prefeitura. Existem também empresas interessadas em pintar, mobiliar e deixar o posto em condições de uso, sem qualquer ônus para a prefeitura. Gente será que eu fui suficientemente claro? SEM QUALQUER ÔNUS PARA A PREFEITURA.

Portanto as desculpas, como sempre, são esfarrapadas.

Para deixar a situação um pouco mais confusa o prefeito juntamente com alguns de seus secretários (ou seria melhor chamá-los de sectários?) fazem reuniões escondidas com o Comandante do 18º GB mostrando plantas baixas do posto, discutindo a respeito de como viabilizar não só a construção como a manutenção deste posto. Meu Deus! A construção do posto não seria um problema se o Exmo. baixasse sua soberba e aceitasse que as empresas particulares interessadas fizessem aquilo que estão dispostas a fazer. Existe, porém o outro lado, a manutenção. Um posto de bombeiros, nos moldes proposto pelo 18º GB similar ao já construído em Cajamar, composto de um carro Auto-Bomba, uma unidade de Resgate e um veículo de serviço, com uma guarnição de aproximadamente 32 homens custaria em torno de R$ 720.000,00 (Setecentos e vinte mil Reais) por ano.
Vou tentar destrinchar mais este “imbróglio”. As viaturas mais caras, Auto-Bomba e unidade de Resgate, serão doadas pelo Estado. Leia-se Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Resta ainda o custo de manutenção. É aí que a coisa fica mais difícil. Difícil do ponto de vista de quem quer ter o direito de meter a mão em todo e qualquer dinheiro do município sem ter que dar satisfações a respeito de sua destinação. Não estou aqui dizendo que o dinheiro arrecadado é mal usado ou usado de forma desonesta. Longe de mim tal afirmação.
Acontece que pelo regulamento interno do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo o município precisa aprovar uma lei específica que crie um fundo municipal para a manutenção do posto de bombeiros. Esta lei precisa: 1) Dar destinação específica dos valores arrecadados somente para a utilização do CB, 2) Este dinheiro teria que ser depositado em conta totalmente separada das contas existentes da prefeitura e 3) Teria que ser criado, através desta lei, um comitê gestor para fiscalizar a utilização correta do dinheiro. Normalmente este comitê é composto de uma pessoa do Ministério Público, o Comandante do GB da região, um membro da prefeitura indicado pelo poder executivo e um membro da sociedade civil. Caso a lei apresentada pelos vereadores não contemple todos estes aspectos o Corpo de Bombeiros não se compromete a ocupar o posto.
Acredito que tenhamos chegado ao cerne da questão. Hoje todo o dinheiro arrecadado é gasto conforme desejos e desígnios do poder municipal. Isso não poderia ocorrer com o fundo de manutenção do posto do Corpo de Bombeiros.
Várias entidades civis vêm se mobilizando para a construção de um posto do CB em nosso município. Todas elas são motivo de escárnio por parte de uma pessoa despreparada para lidar com o munícipe.
No dia 14 de Novembro p.p., aniversário de Santana de Parnaíba, foi feita uma homenagem ao Exmo. Sr. Prefeito Municipal. Ao chegar à tribuna para discursar o que menos se viu foram homenagens à cidade que ele representa. Falou de si, dos seus feitos, da sua maravilhosa gestão ao longo destes 14 anos. Falou mal daqueles que se impunham entre a sua vontade e os desejos eventualmente apresentados pelos munícipes. Criticou entidades civis representativas da municipalidade e também de órgãos estaduais de segurança pública.
Acho que está na hora de fazermos algo. Não é mais possível continuar sob o jugo de pessoas centralizadoras, despreparadas e que já demonstraram que não tem condições sérias de realizar um trabalho para o qual foram eleitos.

Até a próxima!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O PÉSSIMO estado das ruas do Pq Vila Rica

http://www.youtube.com/watch?v=vt6lZqyiKZI

Os moradores continuam reclamando e a prefeitura alegando que as reclamações não são procedentes. Imagens falam por sim. Até quando vamos aturar atitudes negligentes com os munícipes por parte da prefeitura deste município?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Das capitanias hereditárias aos dias de hoje

Na curta história do nosso país aprendemos que quando os descobridores chegaram ao Brasil e resolveram tomar posse da terra descoberta criaram o que se costumou chamar de Capitanias Hereditárias. O tempo passou, o Brasil deixou de ser um pedaço de terra de um país colonizador e obteve a sua independência de Portugal. Entretanto, mesmo tendo sido declarada a independência e mais tarde a República, alguns recantos do país ainda viviam como na época da colônia, da escravidão. O tempo se passou, alguns presidentes foram eleitos, algumas vilas tornaram-se cidades e foi decidido que o Rio de Janeiro seria a Capital Federal pós-republicana. 
Observando-se mais de perto alguns recantos do nosso país na década de 1960 ainda se percebiam resquícios desta colonização portuguesa e da maneira de pensar dos senhores de engenho. As pessoas eram obrigadas a seguir as regras e a forma de pensar, os desejos dos senhores da maior parte das terras. Os cidadãos, embora livres adquiriam seus bens de consumo nos mesmos armazéns dos antigos senhores de engenho, até por falta de opção. Quando se deu o direito ao voto, eles também eram obrigados a votar nos candidatos indicados pelos donos da maioria das terras na região. Ainda hoje, este fenômeno acontece. 
Difícil foi acreditar que tão próximo a São Paulo, capital do maior estado produtor, aquele mesmo estado que ainda detém a maior parcela do PIB brasileiro, isso aconteça em 2010. Pois bem! Ainda hoje, em 2010, na época das eleições é o prefeito, substituto do alcaide nomeado por Portugal, é quem indica em quem o povo deve votar. Aliás, não só isso! É o prefeito quem decide se o cidadão faz parte da comunidade e pode freqüentá-la sem problemas ou se terá que enfrentar a prefeitura e suas ações, no sentido de eliminar toda e qualquer "oposição" que se faça contra as decisões do executivo municipal. Quem não reza pela cartilha do prefeito e não lambe suas botas não é digno de pertencer à sociedade dos homens justos. Pelo menos é o que o grupo auto-intitulado G10 pensa.
Esquece-se o prefeito que ele não é mais o dono das terras e das decisões. Engana-se se pensa que esta cidade, este município, é a sua Capitania Hereditária. Ele tem prazo de validade! Dentro de pouco tempo, menos do que já se passou, as urnas dirão quem irá assumir o novo posto de prefeito municipal. Com toda certeza, aqueles que tiverem um mínimo de lucidez e independência, não irão mais depositar seus votos em alguém que os trata de mentirosos. As pessoas, Exmo. Sr. Prefeito, têm o direito a ter opiniões diferentes da sua. Os munícipes não são todos obrigados a concordar com a sua opinião, seja ela política, seja religiosa ou qualquer outra. Lembre-se que o Exmo. já teve uma maioria esmagadora de votos em eleições passadas e que na última, realizada em 2008, ganhou com uma margem que pode ser considerada ridícula por alguém que já tinha sido prefeito por 2 vezes e depois disso Deputado Federal. Da maneira desrespeitosa com o Exmo. trata a população do município, achando-se ainda senhor de engenho ou alcaide do colonizador, seu fim será triste! O senhor estaria fadado ao esquecimento não fosse o painel que ostenta sua figura no hall de entrada da Câmara Municipal.
É assim que os blogs escritos por este cidadão brasileiro, apto a votar, em dia com TODAS as suas obrigações, se iniciam.
Com toda certeza alguns estão se perguntando: "Mas de que lugar, cidade, estará este cidadão falando?" Pois bem, estou falando de Santana de Parnaíba, São Paulo, Berço dos Bandeirantes, uma cidade histórica, a pouco mais de 20 Km do centro de São Paulo. É exatamente aqui, nesta cidade, que estes blogs se iniciam para mostrar um pouco do que se passa no "interior".
Até o próximo!